Bienal de Arquitetura de Veneza 2025: um chamado urgente à ação climática

A 19ª Bienal de Arquitetura de Veneza, aberta de 10 de maio até 23 de novembro traz um recado claro: arquitetos, urbanistas e a sociedade precisam agir agora diante da crise climática. Em 2022, mais de 60 mil pessoas morreram de calor na Europa. Em 2023, ano mais quente já registrado, foram mais 47 mil mortes.  As cidades não estão preparadas — e o urbanismo tem responsabilidade nisso.

Coletiva de imprensa (Foto © Jacopo Salvi)

Da redação

Praças e estacionamentos selados, falta de árvores, superfícies que acumulam calor: assim nascem as ilhas de calor, que tornam as cidades inabitáveis. Quando chove forte, as áreas impermeáveis não dão vazão, e os alagamentos se multiplicam, em todo o mundo.

Na Europa algumas cidades já reagem. Paris limitou o trânsito no centro, triplicou taxas para SUVs e vem transformando asfalto em áreas verdes. Copenhague e Roterdã apostam nas “cidades-esponjas”, que absorvem água da chuva em vez de canalizá-la.

A mensagem da Bienal é simples: não há mais tempo para ignorar o clima — nem no planejamento urbano, nem na arquitetura.

Com o tema “Intelligens. Natural. Artificial. Collective”, o evento reúne vozes de todo o mundo para repensar a relação entre o ambiente construído e o planeta em aquecimento. A urgência é evidente. Em 2022, o calor extremo matou mais de 60 mil pessoas na Europa — continente que, segundo cientistas, aquece duas vezes mais rápido que a média global devido às ações humanas.

A maioria das vítimas já apresentava comorbidades, mas foi o estresse térmico que precipitou as mortes. Em 2023, ano mais quente desde o início dos registros meteorológicos, outras 47 mil vidas foram perdidas pelo calor.

-Foto: Divulgação

O mundo construído precisa mudar

A Bienal sugere que todas as formas de inteligência — natural, artificial e coletiva — devem ser mobilizadas para enfrentar a crise. A exposição aponta para um imperativo: é preciso reexaminar urgentemente como construímos nossas cidades, casas, ruas e espaços públicos.

Uma das maiores preocupações atuais é o hiperaquecimento das megalópoles. Grande parte das superfícies urbanas está selada: praças, estacionamentos, calçadas e entradas de garagens são pavimentadas ou asfaltadas, impedindo o escoamento da água e intensificando o calor. As poucas áreas verdes não são suficientes para oferecer sombra ou reduzir a temperatura. Superfícies escuras absorvem o calor do dia e o devolvem à noite, formando as chamadas ilhas de calor.

Quando somamos a isso o aumento das chuvas intensas, surge um novo ciclo de colapso: sem permeabilidade, a água não escoa, os sistemas de drenagem entram em colapso e a cidade se torna inabitável.

 

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Edilma Duarte

Edilma Duarte é mineira, nascida no alto de uma montanha em Itabira (MG), terra do poeta Carlos Drummond de Andrade. Ao longo da vida, morou em vários estados do Brasil e carrega uma conexão profunda com a natureza — despertada ainda na infância pela influência do pai, um apaixonado defensor da vida natural e dos bichos. Jornalista profissional, atuou em jornais, revistas, rádio e televisão em Minas Gerais e no Paraná. A partir dos anos 1990, após a Eco-92, voltou seu olhar para o meio ambiente, levando temas ecológicos a veículos em que trabalhava. Foi assessora de imprensa nos Jogos Mundiais da Natureza, realizados pelo Governo do Paraná. É editora da plataforma Portal Baobá e acredita que informação gera transformação. Por isso, seu foco é a conscientização.

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