Baobá Revista https://baobarevista.com Meio Ambiente, Sustentabilidade, Turismo, Cultura. Assuntos sérios levados à sério Fri, 16 May 2025 23:25:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.1 https://baobarevista.com/wp-content/uploads/2025/05/cropped-favicon-32x32.webp Baobá Revista https://baobarevista.com 32 32 Bienal de Arquitetura de Veneza 2025: um chamado urgente à ação climática https://baobarevista.com/bienal-de-arquitetura-de-veneza-2025-um-chamado-urgente-a-acao-climatica/ https://baobarevista.com/bienal-de-arquitetura-de-veneza-2025-um-chamado-urgente-a-acao-climatica/#respond Fri, 16 May 2025 23:25:55 +0000 https://baobarevista.com/?p=728 A 19ª Bienal de Arquitetura de Veneza, aberta de 10 de maio até 23 de novembro traz um recado claro: arquitetos, urbanistas e a sociedade precisam agir agora diante da crise climática. Em 2022, mais de 60 mil pessoas morreram de calor na Europa. Em 2023, ano mais quente já registrado, foram mais 47 mil mortes.  As cidades não estão preparadas — e o urbanismo tem responsabilidade nisso.

Coletiva de imprensa (Foto © Jacopo Salvi)

Da redação

Praças e estacionamentos selados, falta de árvores, superfícies que acumulam calor: assim nascem as ilhas de calor, que tornam as cidades inabitáveis. Quando chove forte, as áreas impermeáveis não dão vazão, e os alagamentos se multiplicam, em todo o mundo.

Na Europa algumas cidades já reagem. Paris limitou o trânsito no centro, triplicou taxas para SUVs e vem transformando asfalto em áreas verdes. Copenhague e Roterdã apostam nas “cidades-esponjas”, que absorvem água da chuva em vez de canalizá-la.

A mensagem da Bienal é simples: não há mais tempo para ignorar o clima — nem no planejamento urbano, nem na arquitetura.

Com o tema “Intelligens. Natural. Artificial. Collective”, o evento reúne vozes de todo o mundo para repensar a relação entre o ambiente construído e o planeta em aquecimento. A urgência é evidente. Em 2022, o calor extremo matou mais de 60 mil pessoas na Europa — continente que, segundo cientistas, aquece duas vezes mais rápido que a média global devido às ações humanas.

A maioria das vítimas já apresentava comorbidades, mas foi o estresse térmico que precipitou as mortes. Em 2023, ano mais quente desde o início dos registros meteorológicos, outras 47 mil vidas foram perdidas pelo calor.

-Foto: Divulgação

O mundo construído precisa mudar

A Bienal sugere que todas as formas de inteligência — natural, artificial e coletiva — devem ser mobilizadas para enfrentar a crise. A exposição aponta para um imperativo: é preciso reexaminar urgentemente como construímos nossas cidades, casas, ruas e espaços públicos.

Uma das maiores preocupações atuais é o hiperaquecimento das megalópoles. Grande parte das superfícies urbanas está selada: praças, estacionamentos, calçadas e entradas de garagens são pavimentadas ou asfaltadas, impedindo o escoamento da água e intensificando o calor. As poucas áreas verdes não são suficientes para oferecer sombra ou reduzir a temperatura. Superfícies escuras absorvem o calor do dia e o devolvem à noite, formando as chamadas ilhas de calor.

Quando somamos a isso o aumento das chuvas intensas, surge um novo ciclo de colapso: sem permeabilidade, a água não escoa, os sistemas de drenagem entram em colapso e a cidade se torna inabitável.

 

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COP30: Vitrine para o mundo https://baobarevista.com/cop30-vitrine-para-o-mundo/ https://baobarevista.com/cop30-vitrine-para-o-mundo/#respond Fri, 16 May 2025 15:57:13 +0000 https://baobarevista.com/?p=723
Divulgação

Belém, capital do Pará, se prepara para sediar a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) e recebe bilhões em investimentos.

Enquanto isso, quase 60% da população da região metropolitana  que vive em habitações e vias de estruturas precárias, fincadas em em igarapés poluídos, sem solução para o grave déficit habitacional, está sendo “varrida” do cenário.

Da redação

Às vésperas da COP30, famílias que vivem na ocupação Liberdade com outras 3 mil ameaçadas de despejo, encaram remoções forçadas em nome da “preparação” da cidade.

Sumaúma, plataforma de jornalismo na Amazônia,  noticiou recentemente, que moradores vêm sendo expulsos por obras, sem que haja qualquer tipo de  diálogo com as comunidades.

Amazônia urbana: o Brasil invisível

O contraste entre a cidade “vitrine” e a cidade real é gritante. O podcast Afluente, da Rádio Guarda-Chuva, (@afluentejornalismo no Instagram), traz uma análise sensível sobre a urbanização caótica em áreas de igarapés e os impactos sobre as comunidades amazônicas. O programa destaca como essa população pobre e periférica vive à beira – e muitas vezes dentro – da maior bacia hidrográfica do planeta, mas sofre com a ausência de infraestrutura básica, como saneamento e acesso à água potável.

“Vivem sobre a maior reserva de água doce do mundo e não têm água na torneira”, resume Luiz Antônio, professor de Sociologia da Universidade Federal do Amazonas. 

À medida que o mundo se volta para Belém, com expectativa de compromissos ambientais globais, cresce também o contraste entre a narrativa oficial e a realidade de quem mora na linha de frente da crise socioambiental.

Há quem sonhe com a possibilidade de mudanças nesse cenário a partir da COP30.  Que assim seja.

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Turismo Regenerativo: um caminho  diante dos excessos do turismo convencional https://baobarevista.com/turismo-regenerativo-um-caminho-diante-dos-excessos-do-turismo-convencional/ https://baobarevista.com/turismo-regenerativo-um-caminho-diante-dos-excessos-do-turismo-convencional/#respond Fri, 02 May 2025 02:30:30 +0000 https://aroundrevista.com/?p=507 A beleza natural e cultural de muitos destinos ao redor do mundo tem atraído um número cada vez maior de turistas. No entanto, esse crescimento desordenado também tem gerado consequências negativas — tanto para o meio ambiente quanto para as populações locais.

Da redação

Cidades como Veneza (Itália), Kyoto (Japão) e Bali (Indonésia) são exemplos de destinos  icônicos que enfrentam sérios desafios como superlotação, poluição, alta nos preços e perda de identidade local.

Fernando de Noronha já sofre o impacto dos excessos (Foto Visit Brasil)

No Brasil, lugares como Fernando de Noronha e Porto de Galinhas também já sentem os impactos do turismo em excesso, que ameaça justamente aquilo que torna esses lugares, únicos: sua natureza e cultura.

Diante desse cenário, surge uma nova proposta: o turismo regenerativo.

Enquanto o turismo sustentável procura minimizar impactos negativos, o regenerativo busca reparar, recuperar e fortalecer os ecossistemas, comunidades e culturas afetadas pela atividade turística.

Trata-se de uma abordagem que considera não apenas a conservação ambiental, mas também os aspectos sociais, econômicos e culturais — com atenção especial ao bem-estar das populações locais.

O turismo só pode ser considerado regenerativo quando melhora a qualidade de vida dos moradores e contribui para a saúde dos ecossistemas.  (Jeremy Sampson| Future of Tourism Coalition)

 Como o turismo regenerativo responde aos impactos do turismo em excesso?

 Diferentes países e regiões já adotam medidas para conter os efeitos nocivos do turismo em massa. Veneza passou a cobrar taxa de entrada para visitantes de um dia e limitou o número de navios de cruzeiro.

Kyoto propõe taxas e incentiva a visitação a áreas menos conhecidas para distribuir melhor os fluxos.  Bali regula o aluguel de curto prazo e busca controlar o número de turistas na ilha.

Fernando de Noronha impôs limites mensais e anuais de visitantes para preservar o arquipélago.

 Turismo regenerativo no Brasil

Chapada Diamantina (Foto: Dmitri de Igatu)

O  turismo regenerativo vai além das restrições. Ele propõe uma transformação na forma de viajar, priorizando experiências que respeitam e regeneram o lugar visitado.

Alguns destinos brasileiros já integram práticas regenerativas à sua proposta de turismo. Entre eles,  a Amazônia Paraense; Chapada Diamantina (BA); Comuna de Ibitipoca (MG); Fazenda Escola Bona Espero (SP) e Instituto Terra Luminous (SP).

Esses lugares combinam conservação ambiental, educação ecológica e valorização comunitária, promovendo uma relação mais equilibrada entre visitantes e territórios.

Por que conservar?

A conservação ambiental é essencial para garantir que as gerações futuras possam usufruir da biodiversidade e dos recursos naturais. O turismo regenerativo, nesse contexto, atua como um agente de proteção e recuperação, desde que as atividades sejam bem planejadas, monitoradas e alinhadas com as necessidades da comunidade local.


Fonte: eCycle , Exame, mídias internacionais, órgãos oficiais.

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Refúgio na capital paulistana https://baobarevista.com/refugio-na-capital-paulistana/ https://baobarevista.com/refugio-na-capital-paulistana/#respond Tue, 29 Apr 2025 20:37:07 +0000 https://aroundrevista.com/?p=486
Tiquatira: um oásis entre avenidas e concreto (Foto divulgação)

A Zona Leste, uma das regiões mais populosas de São Paulo, tem seu espaço verde de lazer, relaxamento e atividades físicas: o parque Tiquatira.

Vi uma reportagem sobre o parque. Meus olhos brilharam. Quando penso a respeito da correria do dia a dia, eu que residi em São Paulo por míseros três meses, há alguns anos, me lembrei da cidade movimentada por inúmeros automóveis, motociclistas, metrôs, trens, paulistas e turistas que transitam de todos os lados e para todos os lados concentrados, com os olhos na rotina que exige foco apropriado para seguir cada qual o seu percurso cotidiano.

Naquele vai e vem, quando por lá estive, me lembrava das árvores e em especial dos inúmeros Ipês floridos e coloridos belo-horizontinos, de quando atravessava a pé as avenidas e as ruas seguindo para o meu trabalho. Sentia falta do cheiro dos Ipês e do ar fresco montanhoso das Minas Gerais. Por esses motivos o Parque Tiquatira fez meus olhos brilharem.

O parque foi idealizado e plantado inicialmente por Hélio da Silva, um morador da região que, incomodado com a área que era tida como um local de usuários de crack, entulhada de lixos que se acumulavam às margens do córrego Tiquatira, teve a ideia e a colocou em prática.

Ele plantou  duzentas mudas de árvores da mata atlântica nas margens do córrego. E na ocasião foi alertado e até criticado por alguns vizinhos e conhecidos que desacreditavam da sua ideia. Nos  meses seguintes viu  todas as mudas serem arrancadas, mas não se deixou abater.

Logo plantou quatrocentas mudas com o apoio da prefeitura paulistana, ou seja: dobrou a quantidade do plantio.

Hoje o parque purifica o ar da região em meio aos prédios. É morada de pássaros, margeia o córrego de forma bela, traz vida natural, conforto e leveza aos transeuntes, às espécies e refúgio aos moradores que utilizam como um local para descansar, caminhar, conversar, sentir o ar puro e ter um refúgio e descanso mesmo que pequeno em meio a rotina cotidiana paulista.

A arena é outro orgulho dos frequentadores do espaço verde. (Foto divulgação)

O senhor Hélio é um visionário. Talvez não tenha imaginado que o parque ,criado em 2003, vinte e dois anos depois,  seria o maior parque linear da capital pulsante que tem um mundo em si.

Certamente ele sempre soube da importância de respirar ar puro, plantar árvores, cultivar e preservar o meio ambiente, preocupar com a sustentabilidade, com a sobrevivência de todas as espécies,  criar um  habitat para os animais. E na nossa própria sobrevivência, além de incentivar as pessoas a cuidar do meio ambiente.

Tiquatira: o espaço bem cuidado atrai moradores da região e visitantes (Foto: divulgação)

Afinal,  tudo que se faz visando o meio ambiente visa também nós seres humanos, ou seja, reflete em nossas vidas de maneira saudável com ganhos inúmeros referentes a nossa saúde física, mental e espiritual.

Só podemos desejar que a ideia se espalhe, que pensemos sempre em novas formas de preservar o meio ambiente para nos cuidarmos socialmente e ambientalmente de modo sustentável, para que as próximas gerações tenham ganhos e sejam assim como o paulistano, visionários realistas e conscientes.

O parque Tiquatira está localizado na Vila São Geraldo, na divisa entre os distritos da Penha e do Cangaíba. Fica aberto todos os dias das 07 às 18h.

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Estamos comendo veneno há décadas https://baobarevista.com/estamos-comendo-veneno-ha-decadas/ https://baobarevista.com/estamos-comendo-veneno-ha-decadas/#respond Mon, 21 Apr 2025 23:41:58 +0000 https://aroundrevista.com/?p=475
Waldir Pollack nos primeiros anos de sua horta (Foto: 4to Studio)

Waldir Pollack, 78 anos, agricultor orgânico e pesquisador autodidata, chegou a Paracatu de Baixo, distrito de Mariana (MG), em 1987.  Muitos anos antes de o rompimento da barragem do Fundão despejar cerca de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro na região, destruir sua moradia, investimentos e o trabalho de anos.

Edilma Duarte

Ele trocou a vida urbana por um pedaço de terra depois que sua esposa recebeu um diagnóstico de câncer. “Disseram que ela viveria no máximo dois anos”, lembra. Inconformado, decidiu investigar as causas da doença e descobriu um inimigo invisível: os agrotóxicos presentes nos alimentos do dia a dia.

Fomos encontra-lo instalado em uma casa nova, fruto da indenização. Ali, Waldir trabalha de sol a sol na reestruturação da área de 19,5 hectares onde cultiva legumes, verduras, chás orgânicos, cria  abelhas, produz mel e própolis.

De consumidor a pesquisador

Após o diagnóstico e a sentença de morte, com a ajuda de um oncologista vizinho e uma rede de médicos no Brasil e no exterior, Waldir passou a investigar. Decidiram pesquisar os alimentos que consumia. Em Belo Horizonte levava amostras compradas em feiras para análise na UFMG.

“Os produtos estavam todos com substâncias acima do tolerado.”  Adubos químicos, conservantes e hormônios aplicados nos animais revelaram ameaças silenciosas à saúde. 

A gente achava que estava comendo bem… e estávamos era nos envenenando” 

A escolha por recomeçar no campo 

Foto divulgação

Uma terra limpa, uma vida nova –  Ao procurar um terreno onde pudesse plantar sem veneno, encontrou em Paracatu de Baixo um solo livre de contaminações. “A terra era usada para carvão, ninguém plantava nada por perto.”

No sítio de 19,5 hectares ele começou a estudar produção orgânica do zero.

A cura que virou caminho

 Com mudanças drásticas na alimentação, sua esposa viveu muito além da previsão médica. “Tinha vida normal. Depois de um tempo, a gente até esqueceu de fazer exames. Ela viveu 15 anos e com qualidade”, atesta Waldir.  Quando o câncer voltou, ela faleceu 23 dias após ser internada. Mas a dor da perda não freou seu compromisso com a terra e com a saúde.

O livro Manual de Horticultura Orgânica, uma das principais referência de Waldir Pollack (Foto: Beatriz Dantas| Lampião-Jornal-laboratório| jornalismo UFOP

Multiplicando conhecimento

Da terra para a sala de aula-  Waldir compartilha o que aprendeu com estagiários e agricultores vizinhos. “Ensino e também oriento projetos em outras propriedades.”

Em Araponga, ajudou um criador de gado a recuperar o pasto por meio do plantio de árvores. “Hoje ele sustenta mais de 200 vacas onde antes havia muita terra e pouco verde.”

Cursos e palestras que inspiram

Nos cursos promovidos após o desastre da barragem do Fundão, até engenheiros e técnicos da Vale do Rio Doce participaram. Waldir também foi convidado para congressos e palestras. Em Aracaju, durante um congresso universitário, sua fala foi estendida por mais 20 minutos devido à grande repercussão. “No almoço, fui cercado de gente querendo saber mais”, recorda.

Um recomeço possível, apesar de tudo

O rompimento da barragem do Fundão, em 2015, levou embora tudo o que Waldir havia construído com décadas de trabalho. Mas não destruiu sua convicção. Realocado com apoio da Fundação Renova — extinta no fim de 2024 — ele continuou plantando e ensinando, mesmo diante de contradições verificadas nos espaços urbanos dos assentamentos, como o choque entre as casas modernas,  muradas e a simplicidade da vida no campo. A gente quer terra pra plantar, não muro pra cercar“.

Com sua história, Waldir mostra que saúde, dignidade e resistência podem florescer mesmo em solo revirado por tragédias.

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Que venham os trens https://baobarevista.com/que-venham-os-trens/ https://baobarevista.com/que-venham-os-trens/#comments Sat, 12 Apr 2025 15:31:41 +0000 https://aroundrevista.com/?p=439 Lendo notícias encontrei uma matéria no portal DW Brasil  que me chamou a atenção. Era sobre uma linha de trem em Curitiba que, além de executar um trajeto com vista para a natureza, é um meio de transporte ambientalmente inteligente, sustentável e, mais barato.

A matéria me remeteu à infância. Enquanto aluna de uma escola belo-horizontina, fizemos uma viagem de trem com um percurso junto a professores e colegas de classe. A experiência foi marcante, encantadora e inesquecível. Com sabor de descoberta na infância.

Falando de viagens de trens, ressalto não apenas a  redução do uso de gasolina, álcool, diesel, combustíveis poluentes que prejudicam  o ar que respiramos e o meio ambiente.

Juscelino Kubitschek quis modernizar o Brasil trazendo as fábricas de automóveis, mas em paralelo poderia ter mantido nossas linhas férreas e também investido nelas. A  manutenção de estradas de ferro  é bem  mais barata que a de milhares de quilômetros de estradas de rodagem.

Menos poluição

Viagem pela Serra do Mar faz o percurso de Curitiba a Morretes no Paraná. (divulgação)

Já passou da hora de pensarmos em alternativas não poluentes, verdadeiramente sustentáveis, e em nós mesmos,  espécie humana que faz parte de um ecossistema que clama por cuidados.

Isto seria muito mais moderno na posteridade, além de trazer benefícios inegociáveis. Porque para além da sustentabilidade, tem a questão do contato com  a natureza que, sabidamente, cientificamente comprovado, pode promover cura e conexão com o nosso eu interior, que cada vez mais grita por silêncio e escuta apurados.

Sabe aquele trajeto tumultuado que fazemos de uma cidade a outra em meio a caminhões? Então, esse mesmo trajeto poderia ser ao som das ferragens, pássaros, folhas e copas de árvores balançando que ressoariam em nós como um momento de descontração e também socialização entre pessoas.

Ecológico e econômico

Quando se faz uma viagem a países europeus nota-se essa diferença gritante de transporte. Os passageiros têm  a opção de viajar pelos trilhos observando a natureza.  E pagando um valor justo. Não bastasse a diferença ambiental, há também essa, o custo e gasto reduzidos do valor da viagem que se faz de uma determinada cidade ou país, a outro.

Como boa mineira que sou, dessas que não perde as partidas e chegadas dos trens, sugiro a vocês que acertem seus relógios e, tendo a oportunidade, não percam a hora, façam uma viagem de trem e sugiram a reflexão aos nossos governantes como alternativa moderna e sustentável.

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“Os oceanos são o pulmão do mundo, a Amazônia é o refrigerador” https://baobarevista.com/os-oceanos-sao-o-pulmao-do-mundo-a-amazonia-e-o-refrigerador/ Tue, 08 Apr 2025 21:08:37 +0000 https://aroundrevista.com/?p=412
Ilhas de plásticos emporcalham e envenenam os oceanos (foto Caroline Power)

Cerca de 14 bilhões de toneladas de lixo são acumuladas nos oceanos todos os anos. Essa quantidade absurda de substâncias tóxicas gera no ambiente organismos que desequilibram a vida marinha. E como os oceanos não são separados, isto significa que a poluição é generalizada, global, assim como o impacto.

Por Amitaf Etraud*

A natureza tem capacidade de se reconstruir e se refazer, entretanto, nas três últimas décadas os níveis de poluição se elevaram de tal forma que os oceanos e mares já não conseguem se regenerar.

Marcelo Skaf (divulgação)

Marcelo Skaf, oceanógrafo, consultor ambiental, fotógrafo e cinegrafista submarino, já mergulhou nos cinco oceanos do planeta. Ele vem observando,  há alguns anos, o aumento no volume de lixo e suas consequências.

Mergulhador desde os 15 anos,  um dos fundadores do Instituto Baleia Jubarte, por três anos diretor do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, Marcelo Skaf é  documentarista de natureza, consultor em oceanografia e planejamento ambiental.

Em  20 anos de carreira, chegou a viver quatro meses em um barco atravessando o Atlântico. Conseguiu dar a volta ao mundo em 90 dias.  E foi ele quem afirmou, em uma conversa que teve conosco, em plena pandemia da covid-19 que “a Amazônia não é o pulmão do mundo, é o refrigerador”.

A saúde dos oceanos 

Internet

Imagens de poluição marinha que nos chegam de diversas partes do mundo escancaram um cenário preocupante. E sim, a situação dos oceanos é alarmante.

Como lembra  Skaf, cerca de 70% da superfície do planeta é composta por água salgada, o que significa que os oceanos exercem influência direta sobre os outros 30%, que são os continentes. “Isso é verdade em muitos níveis e escalas. Os oceanos produzem o oxigênio que utilizamos para respirar”, afirma ele.

Embora se repita com frequência que “a Amazônia é o pulmão do mundo”, o oceanógrafo afirma que esse é um grande equívoco.

“O verdadeiro pulmão do planeta são os oceanos. São as algas e os fitoplânctons que produzem a maior parte do oxigênio que respiramos!”

Marcelo explica que s floresta amazônica, por sua vez, cumpre outro papel essencial: “a  floresta ela é o ar-condicionado do planeta e tem grande importância no equilíbrio térmico global”.

Ou seja, o ar que respiramos vem do mar. E não só isso: os oceanos também regulam o clima, sustentam estoques pesqueiros e protegem zonas litorâneas por meio dos recifes de coral. A vida marinha — animais e plantas — é fundamental para a sobrevivência humana. No entanto, o que temos feito é acelerar a inviabilização da vida como conhecemos no planeta. “É uma incoerência destruir um lugar essencial para nossa sobrevivência”, alerta.

O preço do nosso descuido

Getty Image

Os sinais já são visíveis. Em locais como as Ilhas Galápagos, outrora abundantes em cardumes de tubarões, já é perceptível a drástica diminuição desses animais.

O oceanógrafo, mergulhador e ambientalista, que esteve na região em pouco antes da pandemia da covid-19, relata que guias e mergulhadores locais confirmavam a falta de peixes e tubarões.

No Brasil, o cenário não é diferente. “Já mergulhei muito por aqui e a diminuição do pescado é clara. Sem falar no aumento da quantidade de lixo no fundo do mar. Hoje há verdadeiras ilhas de plástico no Oceano Pacífico, do tamanho de países europeus, formadas por resíduos acumulados pelas correntes marítimas”, conta.

Estamos comendo plástico-  Esse lixo, é claro, não desaparece. Fragmenta-se em partículas cada vez menores — e os peixes as ingerem. Hoje você come peixe e não há como garantir que ele não contenha plástico na carne”, afirma Marcelo. As nanopartículas de plástico já são encontradas em alimentos marinhos consumidos diariamente por seres humanos.

Mudanças climáticas 

Toda essa agressão ao meio ambiente contribui de forma direta para as mudanças climáticas. O desmatamento das florestas tropicais e a queima de combustíveis fósseis alteram a camada de ozônio e intensificam a incidência de raios solares sobre a Terra, o que leva ao aumento da temperatura global e ao derretimento de geleiras. Isso, por sua vez, provoca mudanças dinâmicas nos oceanos, com consequências imprevisíveis.

Enchentes em várias regiões do pais (Foto: REUTERS/Leonardo Benassatt)

Essas mudanças, segundo Skaf,  já estão em curso. “O microclima já mudou. Basta observar o regime de chuvas, de calor e frio ao longo das estações do ano. Em algumas regiões já chove muito mais que antes. Em outras, a seca é mais severa”.

Ele cita ainda o último verão europeu como exemplo extremo: enquanto alguns países, como a França, registraram temperaturas de até 42 °C, outros enfrentaram -15 °C.

As consequências são sentidas no campo e nas cidades. A agricultura, sensível à água, sofre com a irregularidade das chuvas — intensas em alguns períodos, escassas em outros —, o que compromete a produção. Já os centros urbanos enfrentam inundações, que causam paralisações e prejuízos à economia. “Tudo gira, gira, e cai no nosso colo de novo, trazendo problemas econômicos, sociais e de saúde”, resume. Finalizando, o especialista deixa um alerta inquietante:

“A Terra é um ser vivo. Cada vez que o ser humano altera seus processos naturais — seja com a degradação das florestas ou dos oceanos —, o planeta busca um novo equilíbrio. E esse novo equilíbrio pode não ser conveniente para nós, do ponto de vista social e econômico. É com isso que teremos de lidar.”

 

 

 

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ReciclArte: Memórias que Vestem, Arte que Transforma https://baobarevista.com/reciclarte-memorias-que-vestem-arte-que-transforma/ https://baobarevista.com/reciclarte-memorias-que-vestem-arte-que-transforma/#comments Mon, 31 Mar 2025 01:18:56 +0000 https://aroundrevista.com/?p=390
A camiseta confortável, já bem surrada, ganha um upgrade e volta à cena (divulgação)

Da redação

Roupas contam histórias e guardam memórias. Talvez por isso, por mais desbotada ou gasta que uma peça esteja, muitas vezes há aquela da qual simplesmente não conseguimos nos desapegar.

Embora a indústria da moda imponha novas tendências em um ritmo frenético e as roupas já não sejam feitas para durar, cresce ao redor do mundo um movimento em prol do consumo consciente.

Com isto, roupas de segunda mão e a prática da reciclagem ganham cada vez mais espaço. Nesse contexto, surge também uma forma de ressignificar o vestir: a arte aplicada à moda.

Criatividade e consciência ambiental

Tadeu Vilalba, turismólogo que sempre flertou com arte (arquivo pessoal)

O  artista visual mato-grossense Tadeu Vilalba, une arte, afeto e sustentabilidade ao consumo. Nascido no Mato Grosso do Sul,  desde cedo demonstrava sensibilidade artística, levando sua família a acreditar que seguiria esse caminho.

No entanto, formou-se turismólogo e, apesar do envolvimento constante com a cena cultural, foi durante o lockdown da pandemia de Covid-19 que sua expressão artística floresceu definitivamente.

Upgrade 

Foto: divulgação

Tadeu dá nova vida à roupas que carregam histórias e afetos, mas que precisam de um novo brilho. Seu trabalho é um verdadeiro upgrade personalizado, onde cada peça ganha um toque único de acordo com o estilo de seu dono.

Utilizando desde técnicas mais simples até a pintura escorrida, ele mescla tintas para tecido com pigmentos naturais extraídos de ingredientes como beterraba e infusões de ervas — camomila, chá preto, capim-cidreira.  “Normalmente, a pessoa chega com aquela roupa desbotada ou, no caso das camisetas brancas, manchadas e amareladas, mas que não consegue descartar porque é confortável e tem um valor sentimental”, conta Vilalba.

Cores personalizadas  

Divulgação

Sobre a escolha de cores e  estampa ele explica que primeiro observa a pessoa, sua cor de pele, seu estilo. A partir dessa avaliação, parte par a ação. “As vezes percebo que a pessoa está meio apática, precisando de energia, então opto por uma cor mais vibrante. Já  a mistura de cores acontece naturalmente, intuitivamente”, diz ele.

Dessa forma, o artista não apenas ressignifica peças, mas também incentiva um olhar mais afetuoso e consciente para o consumo, onde cada roupa preserva sua história e se transforma em uma expressão única de quem a veste.

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GreenXperience: Imersão educativa inspira jovens a se tornarem agentes de mudança ambiental https://baobarevista.com/greenxperience-imersao-educativa-inspira-jovens-a-se-tornarem-agentes-de-mudanca-ambiental/ Mon, 24 Mar 2025 02:37:29 +0000 https://aroundrevista.com/?p=380
Experiência proporcionou ao grupo uma vivência prática em sustentabilidade e tecnologia, expandindo perspectivas para soluções ambientais globais (Fotos: Kiko Sierich/Itaipu Parquetec)

O Itaipu Parquetec, em parceria com o horto de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) da Itaipu Binacional, promoveu  no dia 13  deste mês de março,  uma vivência imersiva de educação ambiental para jovens intercambistas.

O evento reuniu 19 estudantes canadenses e quatro professoras, levando-as a explorar soluções sustentáveis em Foz do Iguaçu (PR).

A programação incluiu visitas ao Refúgio Biológico Bela Vista e ao Itaipu Parquetec, onde os estudantes participaram de atividades práticas, como a conservação da fauna local, geração de energia a partir de resíduos, produção de Hidrogênio Verde e reciclagem de plásticos por impressão 3D. No LabMaker, produziram um repelente natural à base de citronela, conectando ciência e sustentabilidade.

Sabrina, uma das professoras responsáveis pelo grupo destacou a importância do GreenXperience como uma oportunidade única para as alunas ampliarem suas perspectivas. Segundo ela, viajar internacionalmente permite que as estudantes vivenciem novas experiências e compreendam os desafios globais sob diferentes ângulos.

A estudante Alison destacou que vivenciar desafios ambientais e explorar soluções concretas trouxe uma nova perspectiva, além de contribuir para seu interesse em engenharia e matemática.

Segundo Mayara Barros, analista educacional do Itaipu Parquetec, o evento reforça a missão de transformar conhecimento em bem-estar social. A experiência também abre portas para novas parcerias e formatos educacionais, sempre alinhados à sustentabilidade e ao aprendizado prático.

*Assessoria Itaipu Parquetec

 

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Preservação das geleiras: uma questão de sobrevivência https://baobarevista.com/preservacao-das-geleiras-uma-questao-de-sobrevivencia/ Mon, 24 Mar 2025 01:19:06 +0000 https://aroundrevista.com/?p=374
Pesquisadores alertam sobre impactos  na economia, ecossistemas e comunidades Foto: Freepik

*Da redação

Nosso planeta abriga 275.000 geleiras em montanhas altas.

Juntamente com as camadas de gelo continentais na Groenlândia e na Antártida, armazenam cerca de 70% dos recursos de água doce do mundo.

Elas são essenciais para o equilíbrio do planeta e garantem o abastecimento de vilarejos e cidades inteiras. Seu derretimento, no entanto, representa uma série de riscos: desde a escassez de água potável até o aumento de desastres naturais, como inundações e deslizamentos de terra.

Nos últimos anos, o mundo tem testemunhado um recuo sem precedentes das geleiras. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), cinco dos últimos seis anos registraram o derretimento mais rápido da história. Se nada for feito, muitas dessas gigantes de gelo podem desaparecer antes do fim do século.

Elevação do nível do mar – O impacto desse fenômeno vai além da água doce. O derretimento das geleiras é um dos principais fatores para a elevação do nível do mar, que já mais que dobrou desde 1993. Isso coloca em risco comunidades costeiras, ecossistemas e infraestrutura ao redor do mundo.

Diante dessa crise, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou 2025 como o Ano Internacional da Preservação das Geleiras e estabeleceu o Dia Mundial das Geleiras, celebrado em 21 de março.

Papel das mudanças climáticasA relação entre mudanças climáticas e o recuo glacial é clara. O aumento da temperatura global, impulsionado pelas emissões de combustíveis fósseis, tem acelerado o derretimento das geleiras a um ritmo alarmante. Em 2024, todas as 19 regiões glaciais monitoradas pela OMM registraram perdas significativas de massa de gelo.

Se quisermos mitigar esses impactos, precisamos agir agora. Reduzir as emissões de gases do efeito estufa, preservar as fontes de água doce e fortalecer sistemas de alerta para desastres naturais são algumas das medidas urgentes a serem adotadas.

A preservação das geleiras não é apenas uma responsabilidade ambiental ou econômica – é uma questão de sobrevivência. O futuro do planeta e das gerações futuras depende das escolhas que fazemos hoje.

*Com informações de @dw.com

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